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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sócios da M Brasil, que doou R$ 600 mil para campanhas, moram na periferia e não se conhecem






     Todos os dias, o sargento do Corpo de Bombeiros da Bahia, Marcelo Abdon Gondim, de 43 anos, acorda cedo e deixa o bairro humilde Jardim Lobato – na periferia de Salvador – para pegar o ônibus em direção à unidade onde trabalha. A vida do militar, que figura como sócio- proprietário da empresa M Brasil Empreendimentos Marketing e Negócios LTDA, não lembra, nem de perto, a rotina de um empresário que doou R$ 600 mil para vários políticos nas eleições passadas.

Os rendimentos do sargento – que ganha R$ 1,9 mil e faz bicos na Polícia Militar – também estão bem longe dos benefícios que poderia desfrutar caso movimentasse os mais de R$ 100 milhões que a empresa colocou no mercado financeiro paulista, por meio de cédulas de crédito imobiliário.


A reportagem do Jornal de Brasília esteve em Salvador e conversou com o suposto dono da empresa carioca. Sentado em uma mesa na praça de alimentação de um shopping, o militar contou que foi procurado pelo ex-deputado estadual Jair Marchesini (PDT-RJ).

“Fiquei conhecendo o Jair por meio do irmão dele, que é major da minha corporação. Ele me propôs abrir a M Brasil em meu nome e para levar uma rede de farmácias de sua propriedade para Salvador. No entanto, o negócio (das farmácias) não evoluiu”, contou.

O sargento disse que nunca desconfiou que seu nome continuava a figurar como dono de uma empresa que estava jogando milhões de reais no mercado financeiro e ainda fazendo doações de campanha para deputados de vários estados do País.

“É como se eu fosse milionário sem ter dinheiro. Cheguei a ligar para o Marchesini e perguntei se ele havia finalizado a empresa e ouvi que não havia mais nenhum tipo de negócio e nada mais estava em meu nome”, contou.

Abdon contou que pretende procurar a Receita Federal para tentar retirar seu nome do quadro societário da M Brasil. “Nunca imaginei que essa história fosse acabar com tanto dinheiro financiando campanhas eleitorais”, contou.

Casa de madeira

A situação do outro sócio-proprietário da M Brasil, Leandro dos Santos Reis, não é muito diferente das dificuldades vividas pelo sargento Marcelo Abdon.

Trabalhando em uma empresa distribuidora de gás e morando em uma casa de madeira no bairro de Boa Viagem, também na periferia de Salvador, Leandro precisou segurar em um muro e respirar fundo quando foi procurado para falar sobre sua participação na empresa carioca.



Ele, que figura como sócio do militar na M Brasil, contou que nunca ouviu falar ou já teve contato com Marcelo Abdon. “Não conheço essa pessoa e nunca fui dono de empresa nenhuma. Muito menos tive todo esse dinheiro. Minha casa está cheia de goteiras. Falta dinheiro até para fazer esses reparos”, contou.Durante a apuração, a reportagem ainda identificou dois endereços alternativos de Marcelo Abdon e Leandro Reis, na Barra da Tijuca, bairro nobre do Rio de Janeiro. Nos dois endereços existem mansões, com grandes áreas de lazer, que incluem piscinas.

CONGLOMERADO

Por meio de sua assessoria, o Grupo Barenboim, procurou a reportagem para afirmar que incorporou a M Brasil ao seu conglomerado de empresas. De acordo com as informações, a empresa é parte do grupo Barenboim, desde 2008, com 99% das quotas pertencentes à Barenboim S.A. e 1% a Pedro Barenboim, fundador do grupo. A principal atividade da empresa é a prestação de serviços de consultorias e locação de imóveis de sua propriedade. Ainda foi esclarecido que o capital social integralizado da M Brasil é de R$ 38 milhões, oriundo de imóveis de sua propriedade. No entanto, a empresa teve ganhos recordes, pois foi adquirida pelo valor de R$ 1 mil – ainda em estágio pré-operacional – em novembro de 2008. (CC)

Fonte: Jornal de Brasília

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